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França sente-se à deriva após um ano da presidência de Hollande

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Sucessor de Sarkozy enfrenta uma economia doente, a impopularidade recorde, tensões abertas com a Alemanha e divisões dentro de seu próprio Partido Socialista

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O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy (2007-2012) recentemente fez um discurso em uma conferência de telecomunicações em Montreal. "Sinto-me bem", disse, sorrindo. "E quando observo aqueles que me sucederam, sinto-me ainda melhor."

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Para François Hollande, o homem que assumiu a presidência depois de Sarkozy em maio do ano passado, este foi um "ano terrível", é o que diz o jornal de centro-esquerda Le Monde. O jornal dedicou uma seção inteira aos problemas do presidente, incluindo a economia doente, a impopularidade recorde, as tensões abertas com a Alemanha e as divisões dentro de seu próprio Partido Socialista.

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A ousada intervenção militar no Mali foi chamado de "exceção" para um presidente que é visto como agradável, mas pouco carismático e autoritário - leia-se "pouco presidenciável" - por muitos que o apoiaram há um ano. Em pesquisas de opinião, apenas um quarto dos franceses o vê favoravelmente.

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Hollande "não manteve suas promessas de campanha para impulsionar o crescimento, criar empregos", disse Shami Bashir, 26, em um escritório de desemprego nos subúrbios de Paris, onde buscava trabalho. "Você tem a impressão de que as coisas não podem piorar, mas então elas pioram."

Amelie Donnini, 29, disse que Sarkozy "seria muito melhor em controlar a situação", acrescentando: "Ele, pelo menos, tinha ombros largos. Hollande? Pfff."

Após um ano de presidência Hollande, a França parece tropeçar, com os críticos falando de um despropósito amável, uma falta de direção e disciplina, de pequenos passos em direção a reforma econômica. O Partido Socialista, e mesmo alguns dos ministros do presidente, parecem trabalhar contra ele e suas políticas, e ainda não há nenhuma sanção óbvia dos dissidentes.

Até o presidente da Assembleia Nacional, Claude Bartolone, um socialista, pediu um "segundo fôlego" ao governo e um possível confronto com a Alemanha sobre as políticas de austeridade que priorizam a redução da dívida em vez do estímulo ao crescimento. Hollande chama isso de "tensão amigável" com a Alemanha, Bartolone disse ao Le Monde. "Para mim, é tensão apenas e, se necessário, um confronto."

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As tensões abertas com a Alemanha e a chanceler Angela Merkel, que está envolvida em uma campanha eleitoral que o governo francês espera claramente que ela perca para os social-democratas, tem sido um bom exemplo das dificuldades de Hollande - e seu estilo. Ele permitiu a alguns ministros criticar a Alemanha bruscamente; permitiu que o Partido Socialista elaborasse um documento citando a "intransigência egoísta" de Merkel; permitiu que outros ministros atacassem o documento do partido, que foi então revisto. Mas ele não deixou a sua própria posição clara.

O "tumulto sobre a Alemanha mostra muito", disse François Heisbourg, da Fundação para a Pesquisa Estratégica. "Alguém poderia pensar que o presidente encontraria uma oportunidade para manifestar sua posição de forma clara. Em vez disso, há uma sensação de deriva."

Hollande venceu há um ano porque prometeu "a mudança é agora" e foi "anti-Sarkozy", disse Pascal Perrineau, diretor do Centro de Pesquisa Política no Institut d'Etudes Politiques. "Mas os franceses não estão de todo convencidos com esse presidente. Ele se parece mais com um primeiro-ministro, ele não parece encarnar o Estado."

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As políticas econômicas de Hollande, que atrasaram cortes nos gastos públicos até o próximo ano, são sensíveis em uma recessão, disse Simon Tilford, economista-chefe do Centro para a Reforma Europeia, e sua luta contra a austeridade ganha força em Bruxelas, apesar da frustração com ele.

"Dadas suas limitações, a estratégia do governo francês é o melhor que teremos", disse Tilford. "Eles falam em austeridade, mas, obviamente, tentam limitar os danos a uma economia já fraca."

Hollande tem mais quatro anos, mas Perrineau vê problemas pela frente, com mais manifestações nas ruas e difíceis eleições locais.

Por Steven Erlanger


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