Valmir Moratelli
O arquiteto projetou também a nova quadra da Vila Isabel, da zona norte do Rio, ainda em estudos de viabilidade financeiraNão é de se espantar que, no hospital, Oscar Niemeyer tenha composto um samba com ajuda de enfermeiros. Isso porque sua ligação com o mundo do samba – e com o próprio carnaval – vem de longa data. Não só por ter imortalizado suas curvas num dos pontos turísticos mais visitados do Rio, o Sambódromo, como por ter sido cantado em enredos de diferentes agremiações.
Veja: Enfermeiro canta samba composto com Oscar Niemeyer
Entrevista: "A vida é um sopro", diz Oscar Niemeyer
Veja: A trajetória profissional e política do homem que revolucionou a arquitetura
Opinião - Oscar Niemeyer: o maior do século 20
Infográfico: Niemeyer em 24 obras
Análise - Oscar Niemeyer: a redescoberta da curva na arquitetura
Repercussão: Brasil lamenta morte; Dilma diz que País "perdeu um dos seus gênios"
Frases: 'Para mim o importante é a vida, conhecer as pessoas, haver solidariedade'
Opinião: Niemeyer fez do modernismo identidade brasileira, diz crítico americano
Obra - Especialistas veem 'esgotamento' criativo em obras de Niemeyer
Caricatura de Oscar Niemeyer
Foto: AE
Oscar Niemeyer (direita) em reunião com arquitetos na ONU, em 1947
Foto: AE
Oscar Niemeyer em 1969
Foto: AE
Oscar Niemeyer (direita) mostra maquete a Ulysses Guimarães (centro)
Foto: AE
Oscar Niemeyer (esquerda) e Fidel Castro (direita), em 1999
Foto: AE
Oscar Niemeyer em 2003, ao receber a medalha do mérito legislativo
Foto: AE
Oscar Niemeyer em 2004
Foto: AE
Oscar Niemeyer durante homenagem na Academia Brasileira de Letras, em 2007
Foto: AE
Oscar Niemeyer (esquerda) e Gilberto Gil (direita), então ministro da Cultura, em 2007
Foto: AE
Oscar Niemeyer com a medalha da Ordem Nacional da Legião da Honra
Foto: AE
Niemeyer e Aécio
Foto: AE
Ana Elisa e Paulo Sério, neta e bisneto de Oscar Niemeyer
Foto: AE
Niemeyer é ovacionado em ato pró-Dilma no RJ
Foto: EFE
Oscar Niemeyer, assistiu ao show de Chico Buarque da primeira fila
Foto: AE
"Niemeyer, brasileiro da gema/ Traços de um poema em construções/ Cada coluna... Belas artes/ Novo mundo de ideias curvas... Realizações/ Lá no exterior se consagrou/ A luta pelo povo jamais abandonou/ Liberdade na expressão da emoção/ O nosso manto estampado na vida/ Desse nome singular/ Que a comunidade abraça pra sambar...".
Os versos acima, da obra do compositor Jorge Tropical, do Carnaval de 2003 da escola de samba daVila Isabel, traduzem parte do carinho que os sambistas sempre tiveram pelo arquiteto que projetou a Marquês de Sapucaí, palco dos desfiles do carnaval carioca.
O carnaval daquele ano, intitulado "Oscar Niemeyer, o arquiteto no recanto da princesa", enredo de autoria do amigo Martinho da Vila, foi a maneira encontrada para não só homenagear o artista por suas tantas obras como um projeto elaborado por ele para a quadra da escola. Por envolver grandes cifras, está em estudo de capitação por parte da presidência executiva.
Em nota oficial, a Unidos de Vila Isabel divulgou à imprensa que “hoje (quinta-feira, 6) amanheceu triste e seu presidente, Wilsinho Alves, lamenta o adeus do gênio, amigo e torcedor, a quem será eternamente agradecido, e presta condolências à família do maior arquiteto do país”.
Verticalização
Oscar Niemeyer já fora cantado em outro samba recente da história do carnaval.
Antes mesmo de completar 100 anos, em 2006, Niemeyer foi convidado a ser enredo da escola Viradouro, chegando inclusive a confirmar sua presença do desfile. O que não ocorreu por problemas de saúde.
Os carnavalescos Milton Cunha, Mario e Cacá Monteiro prepararam o desfile “Arquitetando Folias”, sobre a arquitetura brasileira. O samba dos compositores Waldeir Melodia, Dadinho, Ewaldo, Tamiro e Peralta dedicava alguns versos ao arquiteto da Sapucaí.
Dizia a letra: “Obrigado, meu Senhor, por ter iluminado / A mente desse homem pelo mundo consagrado / Que fez cidade sem igual / Museu como nave espacial / Arquitetando folias / Na apoteose, sou o astro principal”.
Não há dúvidas, por parte de quem estuda a história do carnaval carioca, sobre a importância da construção do sambódromo. Foi a partir daí que as alegorias ganharam maiores tamanhos. Joãosinho Trinta, na época na beija-Flor, foi pioneiro ao entender as possibilidades que se inaugurava com aquela avenida. Os carros alegóricos cresceram e o carnaval se verticalizou. Niemeyer fez os desfiles ganharem a grandeza que faria fama pelo mundo.
No começo desse ano, o arquiteto visitou o Sambódromo, em fase final de remodelação . Com a reforma da Passarela do Samba, o espaço obedece finalmente ao traçado original que Niemeyer projetou há 30 anos.
O projeto previa um equilíbrio entre os dois lados da Sapucaí, como se fosse um espelho. Com a obra, a Sapucaí ganhou 12.500 lugares a mais, acomodando 72.500 pessoas. "Está muito bom. Melhorou muito. Este não é um trabalho só meu, é o trabalho de um grupo. Estou entusiasmado", disse na ocasião.
No começo desse ano, o presidente da União da Ilha , Ney Filardis, chegou a anunciar que a escola poderia exaltar o arquiteto Oscar Niemeyer no enredo de 2013. Segundo o dirigente, o desfile seria uma grande homenagem ao idealizador do Sambódromo. O projeto não foi adiante. A Ilha cantará a obra de Vinicius de Moraes.
Niemeyer nunca revelou para qual escola de samba torcia.