Reuters
Novo conflito já deixou ao menos 68 palestinos mortos, incluindo mulheres e criançasEnquanto Israel bombardeava alvos militantes palestinos na Faixa de Gaza pelo quinto dia, Ali Al-Ahmed foi às ruas da cidade de Gaza de pijama, neste domingo, para comprar ovos e chocolate para seus três filhos.
"Horripilante, é assim que é", disse. "Mas eles também estão aterrorizados do outro lado da fronteira" disse. "Para ser honesto, eu achava que o Hamas tinha se esquecido como combater Israel. Eu estava errado."
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Isso soará como música para os ouvidos do movimento islâmico que governa a faixa de terra onde 1,7 milhão de pessoas estão confinadas desde 2007, quando o governo do Hamas, hostil a Israel, assumiu o controle local.
Em conflitos anteriores, entre 2008 e 2009, muitos rivais palestinos culparam os foguetes disparados pelo Hamas pelas operações militares israelenses em Gaza.
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Essa guerra terminou com 1.400 palestinos mortos e um território marcado por bombardeios e invasões. Israel perdeu 13 vidas na batalha.
Agora é diferente. A Primavera Árabe mudou o Oriente Médio, e o Hamas tem armas mais poderosas. Muitas páginas do Facebook expressam alegria indisfarçada pela busca dos israelenses por um lugar seguro, e dois cantores da Cisjorsdânia fizeram de "Strike Tel Aviv"("Ataquem Tel Aviv") um hit do YouTube, elogiando o Hamas e outros grupos por dispararem foguetes.
Pela primeira vez em décadas de conflito, as armas do Hamas conseguem atingir as cidades de Tel Aviv e Jerusalém, causando pânico na população e no governo de Israel.
"Hoje, tiramos nosso chapéu para o Hamas", disse Talal Okal, um analista político de Gaza que normalmente é crítico ao movimento. "Eles parecem organizados, cientes do que estão fazendo e prontos para pagar o preço para cumprir sua agenda. Pessoas ordinárias só podem admirá-los hoje."
"Israel não pode mais prever o que os líderes árabes podem fazer se uma ofensiva acontecer em solo, certamente não sabem o que o presidente do Egito, Mohammed Mursi, pode fazer sob pressão da Irmandade Muçulmana e outros partidos seculares e islâmicos", concluiu Okal.
Embora os foguetes de longo alcance disparados contra Tel Aviv não tenham causado vítimas ou danos, graças primordialmente aos interceptores do Estado judaico, o Hamas está contente ao ver israelenses correndo por abrigo em uma cidade que já foi imune a tais ataques.
Essa ainda é uma batalha assimétrica nos números e resultados. Desde quando ela começou, na última quarta-feira, três israelenses foram mortos, contra ao menos 68 palestinos, a maioria civis. Ainda assim, os islâmicos acreditam que estão vencendo um importante round na batalha pela opinião pública mundial.
Até o presidente palestino, Mahmoud Abbas — uma personalidade zombada pelo Hamas por reconhecer Israel e renunciar à violência — chamou seus líderes para expressarem sua solidariedade e prontidão para fazer o possível para encerrar as ações militares israelenses.
Lojas e escolas permanecem fechadas em Gaza, mas os poucos que estão nas ruas comemoram cada vez que ouvem o som de foguetes que possam estar sendo disparados contra Tel Aviv.
"Se duramos 22 dias na última guerra, agora estamos mais prontos para manter isso por mais tempo, e os soldados deles, não", afirmou Abu Ubaida, porta-voz da ala armada do Hamas, as Brigadas Izz el-Deen Al-Qassam.
Ainda há, contudo, a ameaça de outra invasão israelense, como a que ocorreu em janeiro de 2009. O Hamas não tem veículos blindados ou tanques, mas agora possui alguns modernos mísseis antitanques, e o Hamas diz que surpreenderá seus inimigos se Gaza for invadida.
Prontos para a batalha
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou neste domingo que o Exército israelense está pronto para "expandir significativamente" suas operações em Gaza, elevando os rumores sobre uma possível invasão terrestre iminente do território palestino.
"Os soldados estão prontos para qualquer atividade que possa acontecer", afirmou Netanyahu após uma reunião do gabinete israelense, sem dar detalhes dos planos militares.
As declarações foram feitas durante o quinto dia consecutivo de bombardeios israelenses à Faixa de Gaza. Dois prédios ocupados por grupos de mídia no centro da Cidade de Gaza foram atingidos, deixando vários jornalistas palestinos feridos.