iG São Paulo
Indicado por Lula, Fernando Haddad (PT) abriu vantagem sobre o tucano José Serra na disputa pelo comando da maior cidade do PaísApós 113 dias de campanha, 8,61 milhões de eleitores vão às urnas neste domingo (28) para escolher o próximo prefeito da cidade de São Paulo, a mais populosa do Brasil. O experiente José Serra (PSDB) enfrenta o candidato do PT Fernando Haddad, que com a campanha do segundo turno, assumiu a dianteira e agora desponta como favorito na disputa.
Segundo pesquisas divulgadas no sábado (27), Haddad aparece com uma vantagem sobre Serra de 14 pontos de acordo com o instituto Datafolha, e de 15 pontos, de acordo com o Ibope.
Há oito anos, o PT não vence uma eleição em São Paulo. A útlima prefeita petista da capital paulista, Marta Suplicy, não conseguiu se reeleger em 2004, quando enfrentou Serra no segundo turno. Após uma gestão que lhe rendeu uma imagem controversa, Marta não conseguiu levar o páreo com o tucano. Quatro anos depois, saiu novamente derrotada, desta vez pelo vice de seu antigo rival, Gilberto Kassab (PSD).
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Indicado diretamente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para disputar o cargo, Haddad foi ministro da Educação e tem como principais bandeiras o ProUni (Programa Universidade para Todos) e a nova versão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Durante sua campanha nas ruas e na televisão, a maior estratégia do petista foi ligar o seu adversário ao prefeito Kassab - cuja gestão tem uma impopularidade histórica - e enfatizar que a administração atual não governa para os pobres, mas sim, apenas para os mais ricos. Haddad também explorou o fato de Serra ter deixado a prefeitura em 2006 para disputar o governo do Estado, depois de prometer que cumpriria o mandato até o fim. Por fim, acusou a gestão Serra-Kassab de não ter priorizado o diálogo com o governo federal, deixando de promover melhorias na cidade, como a construção de creches.
Já Serra, ex-governador de São Paulo e ex-prefeito da capital, protagonizou uma campanha mais agressiva, diante da piora de seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto. Vencedor do primeiro turno das eleições, com 30,75% dos votos, apresentou como principais propostas a ambliação da rede de centros de Referência de Assistência Social (Cras) e a transformação de 200 favelas em bairros, com água e esgoto.
Para atacar o rival, Serra procurou associar Haddad ao escândalo do mensalão, cujo julgamento está em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) e envolve ex-dirigentes e parlamentares do PT. Também acusou o governo Dilma de usar a máquina da União em favor do candidato em São Paulo, quando tornou a senadora Marta Suplicy (PT-SP) ministra da Cultura, em troca da sua participação na campanha.
Subida no tom
Um tema externo à capital paulista marcou o início de uma subida no tom da campanha no segundo turno: o kit anti-homofobia. Idealizado pelo Ministério da Educação (MEC) quando a pasta estava sob comando de Haddad, o projeto era composto por vídeos e textos que seriam distribuídos em 6 mil escolas como iniciativa de combate ao preconceito contra homossexuais.
O assunto, que já havia aparecido na campanha presidencial de 2010, voltou à tona quando o pastor evangélico Silas Malafaia declarou apoio a Serra com uma série de vídeos distribuídos pela internet nos quais ataca Haddad pela confecção do material. Serra alegou que o material possuía "aspectos ridículos e impróprios" e configurava "doutrinação".
Em meio às críticas do tucano, o jornal Folha de S.Paulo publicou uma reportagem revelando que o tucano distribuiu um material semelhante ao do MEC em 2009, quando era governador. O kit paulista, intitulado "Preconceito e discriminação no contexto escolar", foi entregue a professores da rede estadual de ensino. Em 2010, o centro do debate eleitoral no segundo turno entre Dilma e Serra foi em relação à descriminalização do aborto, que envolveu a busca do apoio religioso.
A partir daí, o tom da campanha ficou cada vez mais agressivo. Após trocarem alfinetadas por causa do kit anti-homofobia, Serra e Haddad passaram a confrontar propostas na área da saúde. E, na reta final da disputa, protaginizaram várias discussões em debates de televisão tendo como mote o escândalo do mensalão e a condenação de petistas no Supremo Tribunal Federal (STF).