Carolina Garcia
Rodrigo Merli acusou nesta quarta-feira o defensor Ademar Gomes de "dar guarida a um foragido". Advogado rebateu e disse ao iG que entregar seu cliente "seria um crime"O promotor Rodrigo Antunes Merli, responsável pela acusação no caso do pagodeiro Evandro Gomes, acusou o defensor Ademar Gomes de dar “guarida a um foragido da Justiça” e que isso configuraria um crime. A declaração foi dada à imprensa, nesta quarta-feira, após a decisão de adiamento do júri no Fórum Criminal de Guarulhos, na Grande São Paulo. “O advogado não é obrigado a dizer onde o seu cliente está, mas não pode dar guarida a um foragido da Justiça. Isso para mim é crime.”
Entenda: Novas provas da defesa de pagodeiro adiam júri para setembro em Guarulhos
O júri: Foragido há 5 anos, pagodeiro Evandro Gomes vai a júri pela morte de ex-mulher
Pouco antes, Gomes havia afirmado que o réu Evandro, que responde pela morte de sua ex-mulher Andréia Cristina Bezerra e pela tentativa de homicídio contra o filho, estava em “um carro com seu motorista” nos arredores do fórum. “Ele estava esperando uma ordem minha para aparecer. Ele quer resolver isso”, defendeu o advogado.
A fala foi classificada como deboche pelo promotor. “Esse processo está virando uma palhaçada, virou um circo. Doutor Ademar está mais preocupado em aparecer na mídia do que defender seu cliente. Não existe imunidade nenhuma para advogado em relação ao crime de favorecimento pessoal”, atacou Merli.
Segundo o promotor, o Ministério Público tem pressionado a Divisão de Capturas da Polícia Civil de São Paulo após aparições do Evandro “com a cara limpa” em entrevistas às emissoras TV Record e Rede TV!. “Mais cedo ou mais tarde, nós vamos pegá-lo. Se ele acha que vai ter moleza, está muito enganado”, disse. O réu tem prisão preventiva decretada desde 2008, ano do crime.
Conhecido por ter atuado na condenação de Mizael Bispo, condenado pela morte de Mércia Nakashima, Merli disse que recebeu informações sobre a localização do pagodeiro na noite de ontem (7). “Tenho certeza que ele estava no escritório do seu advogado [na avenida Brasil, zona oeste da capital], mas não podíamos entrar porque já era noite. Além disso, precisaríamos de representante da OAB e a informação iria vazar. Infelizmente, eles também são espertos.”
Outro lado
Procurado pela reportagem do iG, o advogado Ademar Gomes disse que “o promotor está demonstrando ser muito anti-ético”. Para ele, a defesa não tem a obrigação e nem pode trair a confiança do seu cliente o entregando a prisão. “Estou exercendo o meu direito profissional. Você acha que sou obrigado a entregar o meu cliente? Isso sim seria um crime.”
A acusação não é nova para o defensor. Segundo ele, em 2010, a polêmica coletiva de imprensa de Evandro também lhe ataques do promotor Rodrigo Merli. Na ocasião, na condição de foragido, Evandro apareceu usando peruca e falso cavanhaque para alegar inocência. “Assim como em 2010, as entrevistas são um direito que tem o acusado a se manifestar publicamente sobre um processo que está sendo injusto.”
Para justificar sua ação, o defensor comparou seu trabalho de jornalistas, que podem não revelar suas fontes, e a padres, que protegem as informações que recebem durante confissões. “Eu lamento. Parece que o Dr. Rodrigo tem descriminação contra os profissionais de direito. É o que parece.”