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Sequestro é o segundo incidente desse tipo na área em dois meses e envia preocupante sinal aos vizinhos da Síria - incluindo Israel - sobre vulnerabilidade de suas fronteirasRebeldes que tentam depor o presidente sírio, Bashar al-Assad, detiveram quatro membros das forças de paz da ONU nesta terça-feira em área que separa a Síria e Israel, aumentando as tensões entre os dois países poucos dias depois de o Estado judeu ter lançado ataques aéreos perto de Damasco.
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O sequestro é o segundo incidente desse tipo na área em dois meses e expôs a vulnerabilidade da missão de pacificação da ONU durante a guerra civil síria, que dura há mais de dois anos. Também enviou um preocupante sinal aos vizinhos da Síria - incluindo Israel - sobre a perspectiva de aumento da ilegalidade nas fronteiras compartilhadas.
Rebeldes das Brigadas do Mártires de Yarmouk estão com as forças de paz, disse um porta-voz do grupo à Associated Press em uma entrevista por telefone. As brigadas estiveram por traz do sequestro em março de 21 filipinos das tropas de paz soltos sem ferimentos depois de três dias de duras negociações.
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Em Nova York, Kieran Dwyer, porta-voz do departamento de tropas de paz da ONU, confirmou o sequestro e disse que os quatro militares, todos das Filipinas, foram capturados na terça por um grupo armado não identificado perto da cidade de Jamla, no sul da Síria. Em uma declaração veiculada na página das Brigadas Yarmouk no Facebook, o grupo disse que os militares não eram reféns, mas haviam sido detidos para sua própria segurança. O grupo não especificou condições para a libertação dos soldados.
A missão de monitoramento da ONU foi montada em 1974, sete anos depois de Israel capturar as Colinas do Golan e um ano depois de forçar o recuo de soldados sírios que tentavam recapturar o território em outra guerra regional.
Por quase quatro décadas, os monitores da ONU ajudaram a aplicar uma trégua estável entre Israel e Síria. Mas, em meses recentes, morteiros sírios que passaram do alvo repetidamente atingiram as colinas controladas por Israel.
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Os recentes bombardeios israelenses dentro da Síria aumentaram a possibilidade de um conflito regional mais amplo como resultado da guerra civil que, segundo a ONU, deixou mais de 70 mil mortos. Autoridades de Israel disseram que os ataques tinham o objetivo de evitar que armas avançadas iranianas chegassem ao grupo libanês Hezbollah, um aliado da Síria e inimigo de Israel.
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A Síria sugeriu uma possível retaliação contra Israel, embora as declarações do governo nesse sentido tenham sido relativamente suaves. Nesta terça, entretanto, a Frente Popular para a Libertação do Comando Geral da Palestina, um grupo militante palestino com base na Síria, disse que recebeu o sinal verde do regime de Assad para preparar mísseis para atacar Israel.
Quando a revolta contra Assad eclodiu em março de 2011, a comunidade palestina na Síria ficou em sua maioria à margem. Mas à medida que a revolta evoluiu para uma guerra civil, muitos palestinos passaram a apoiar os rebeldes, enquanto outros começaram a lutar do lado do governo.
*Com AP