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Karzai diz que fundos mensais chegavam em 'pequenas somas' à sua equipe de segurança nacional e eram usados para ajudar feridos e doentes e para outros propósitos 'operacionais'O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse nesta segunda-feira que sua equipe de segurança nacional recebeu pagamentos do governo dos EUA durante os últimos dez anos.
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Karzai confirmou os pagamentos quando foi questionado sobre uma história publicada no jornal The New York Times afirmando que a CIA deu ao Conselho Nacional de Segurança Afegão dezenas de milhões de dólares em pagamentos mensais entregues em pastas, mochilas e sacolas plásticas.
Durante uma coletiva em Helsinki, Finlândia, onde estava em uma visita oficial, Karzai disse que bem-vindos pagamentos mensais não eram feitos em "grande quantidade" mas em "pequenas somas", apesar de não ter revelado o montante. Ele disse que o dinheiro era usado para dar assistência aos feridos e doentes, para pagar o aluguel de habitações e para outros propósitos "operacionais". Segundo ele, o auxílio foi "muito útil, e estamos muito gratos por ele".
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O jornal cita Khalil Roman, que serviu como vice-chefe de gabinete de Karzai de 2002 a 2005, caracterizando os amplos pagamentos como "dinheiro fantasma" que "chegavam em segredo e saíam em segredo". A publicação também cita autoridades americanas não identificadas dizendo que "o dinheiro estimulou a corrupção e fortaleceu os senhores da guerra, minando a estratégia de saída de Washington do Afeganistão".
Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, recusou-se a comentar a reportagem, redirecionando o questionamento à CIA, que também se negou a fazer comentários.
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Em 2010, o Irã reconheceu que enviava fundos ao vizinho Afeganistão há anos, mas disse que o dinheiro objetivava à reconstrução, e não para influenciar o presidente afegão. Karzai confirmou que recebia milhões de dólares em espécie do Irã e que Washington lhe dava "malas de dinheiro" também porque faltavam fundos em seu gabinete.
Na época, o então secretário de imprensa do presidente Barack Obama, Robert Gibbs, negou que o governo americano estivesse no "negócio das grandes malas de dinheiro", mas o ex-porta-voz do Departamento de Estado P.J. Crowley havia dito previamente que parte do auxílio americano ao Afeganistão era feito com dinheiro em espécie.
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Autoridades dos EUA também afirmaram na época que o dinheiro fluindo de Teerã provava que o Irã desempenhava um jogo duplo no Afeganistão — cortejando o governo enquanto ajudava os militantes da milícia islâmica do Taleban a combater as forças dos EUA e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O Irã negou as acusações.
*Com AP