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Segurança veta 'comício' de Eduardo Campos em Santos

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Ricardo Galhardo

Trio elétrico alugado pelo PSB e várias bandeiras com os dizeres 'Eu quero o novo' foram posicionadas para receber com estardalhaço o governador de Pernambuco em evento

Minutos antes da chegada do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ao centro de convenções onde ocorreu o 57º Congresso Paulista de Municípios um dos seguranças do evento ordenou que o motorista de um trio elétrico alugado pelo PSB saísse do estacionamento.

“Este lugar não foi alugado para fazer comício público”, disse o segurança.

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O motorista do trio elétrico nem contestou a ordem e já dava a partida quando Campos chegou com estardalhaço ao local. O trio elétrico ainda tocou um frevo, ritmo típico pernambucano, antes de deixar o estacionamento.

Embora o governador e sua equipe tenham negado, o segurança estava certo. O PSB transformou o encerramento do tradicional congresso de prefeitos em um grande comício eleitoral pela pré-candidatura de Campos à Presidência da República.

Além do trio elétrico proibido, pelo menos uma dezena de ônibus e vans ocuparam o estacionamento do centro de convenções vindos de várias regiões do Estado lotados de militantes do PSB.

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“A gente veio para ver uma parada de política aí mas eu quero mesmo é ir na praia dar uma nadada”, disse o auxiliar de estoque Fernando dos Santos, vestindo camiseta verde limão com o nome do deputado estadual Marcos Neves (PSB-SP).

No lado esquerdo do peito Fernando colou um adesivo com a frase “eu quero ver o novo”, slogan pré-eleitoral do governador pernambucano. Questionado sobre a candidatura de Campos, Fernando reagiu com espanto: “Eduardo? Não conheço. Ele é daqui de Santos?”.

O auxiliar de estoque e outros 100 moradores de Carapicuíba foram trazidos a Santos pelo deputado Neves em troca do café da manhã e da promessa de uma tarde na praia.

Na eleição do ano passado eles trabalharam como cabos eleitorais de um vereador do PSB de Carapicuíba recebendo R$ 40 por dia.

A expectativa do PSB paulista era levar 1.600 militantes como Fernando ao congresso de prefeitos para “botar no chinelo” a “recepção chinfrim” que outro presidenciável, o senador Aécio Neves (PSDB), teve de aproximadamente 20 tucanos na véspera.

Além de Carapicuíba foram registradas caravanas de São Paulo, São Vicente e Iguape, de onde vieram 20 senhoras com idade superior a 65 anos integrantes do Clube da Melhor Idade. Elas enfrentaram três horas de viagem em quatro carros e uma van e voltariam no mesmo dia.

“A gente não se incomoda com a viagem. Somos quase todas filiadas ao PSB e temos prazer em participar da política”, disse a líder do grupo, Maria do Céu Souza Pontes.

A claque não chegou aos 1.600 previstos mas compensou as ausências com animação. Na falta do trio elétrico, ritmistas escola de samba Peróla Negra de Osasco animaram os militantes até que a segurança também os mandou silenciar.

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Dezenas de moças tomaram a avenida em frente ao centro de convenções agitando bandeiras amarelas com o logotipo redondo azul e uma variação do slogan pré-eleitoral: “eu quero conhecer o novo”. A frase também estampava camisetas e até o lenço de pescoço usado por uma assessora do deputado federal Márcio França, presidente estadual do PSB.

Sem pudor nem meias palavras integrantes da Juventude Socialista gritavam: “um novo caminho para um novo Brasil. Brasil para frente, Eduardo presidente”.

Enquanto isso o governador percorria estandes apertando mãos, tirando fotos e distribuindo tapinhas nas costas. Surpreendido no espaço da Secretaria Estadual de Turismo de São Paulo, Campos não titubeou e traçou um bem servido sanduíche de mortadela, para alegria dos fotógrafos.

A claque socialista fez os organizadores ligarem o sinal de alerta. Antes da entrada de Eduardo no local da palestra, um organizador avisou assessores do PSB: “o salão tem espaço para apenas 700 pessoas. Se todo mundo que vocês trouxeram entrar não vai sobrar espaço para os prefeitos e o Eduardo vai falar só para a claque do PSB”.

A previsão se confirmou. O salão onde Campos falou por meia hora estava lotado de militantes do PSB e muito poucos prefeitos.

O discurso preparado de antemão foi recebido com pouco entusiasmo. Depois de discorrer longamente sobre a necessidade de revisão do pacto federativo com críticas suaves ao governo, Campos distribuiu estocadas acusando outros políticos (que ele não quis nomear) de tentarem interditar o debate político sob o pretexto de que qualquer manifestação sua seria de caráter eleitoral.

Há uma semana a presidente Dilma Rousseff cobrou lealdade de aliados em um palanque ao lado de Campos. O governador negou que tenha mandado um recado para a presidente dizendo que tem liberdade para falar o que pensa tanto a Dilma quanto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Questionado sobre o clima de campanha armado pelo PSB, Campos recorreu a uma metáfora futebolística tipicamente lulista.

“É como num jogo de futebol. Se uma torcida fica calada a outra também fica. Se uma torcida provoca a outra reage”.

Cerca de um mês atrás Lula lançou extra-oficialmente a candidatura de Dilma à reeleição em um evento sobre os 10 anos do PT no governo federal.

Diante da insistência dos repórteres para que assumisse a candidatura presidencial, Campos foi fofo: “Peço perdão à imprensa que vai precisar de paciência comigo mas é dessa forma que eu penso. Não é nenhuma questão de sabedoria política. Se for para ir para as disputas, vamos para a disputa”.


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