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No júri popular marcado depois de 21 anos, policiais militares vão responder por homicídio qualificado pela morte de 15 vítimas que estavam no segundo pavimento do Pavilhão 9Mais de 20 anos depois do massacre do Carandiru, episódio como ficou conhecido o confronto entre policiais e presos que deixou 111 mortos na Casa de Detenção de São Paulo em 2 de outubro de 1992, 26 policiais militares começam a ser julgados nesta segunda-feira (8), às 9h, no Fórum da Barra Funda, na zona oeste da capital paulista.
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Os acusados irão responder por homicídio qualificado (mediante curso que dificultou defesa daS vítimaS) de 15 pessoas que estavam no segundo pavimento do Pavilhão 9. Com exceção de uma delas, que morreu com golpes de arma branca, todas as outras faleceram por causa de disparos de arma de fogo.
A previsão é que o júri, formado por sete pessoas, decidam em torno de 10 dias se os PMs são culpados ou inocentes. Isso porque, na sequência, serão marcados os julgamentos dos outros 53 policiais que são réus no mesmo processo. O processo será conduzido pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão. Ficou acordado entre o magistrado, os promotores e a defesa que o debate terá duração de três horas, enquanto que réplica e tréplica durarão duas horas.
A demora para a marcação do julgamento, que envolvia muitos réus e foi adiado pelo grande números de recursos das defesas, fez com que o número de acusados diminuísse por conta de mortes e da prescrição de alguns crimes. Atualmente, há 79 acusados citados por homicídio no total. O número inicial de acusados chegou a 116 policias militares.
O massacre e o coronel
O massacre do Carandiru ocorreu no dia 2 de outubro de 1992. Durante uma rebelião, a Polícia Militar resolveu invadir o local e matou 111 presos. Todos policiais saíram ilesos. A invasão foi comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, que chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, mas em fevereiro de 2006 o Tribunal de Justiça de São Paulo reformou a decisão e absolvel o coronel. Ubiratan foi morto em setembro de 2006 com um tiro na barriga, em seu apartamento nos Jardins, região nobre de São Paulo.
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Depois de ter sua história manchada, a casa de detenção foi desativada no começo de 2002 e demolida no final do ano. No lugar, foi construído o Parque da Juventude.