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Ontem, presidenta enfrentou panelaço nas ruas de Buenos Aires e, hoje, sindicalistas opositores bloquearam várias vias de acesso à capitalSindicalistas opositores à presidenta Cristina Kirchner bloquearam nesta sexta-feira vários acessos a Buenos Aires e organizaram cerca de 100 piquetes durante um dia de protestos para exigir melhoras salariais. As mobilizações e bloqueios se dirigiam para a histórica Praça de Maio, na capital, organizados por uma ala dissidente da minoritária Centra de Trabalhadores Argentinos (CTA), que reúne funcionários estatais e pequenos sindicatos, para reclamar a eliminação de encargos trabalhistas.
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O protesto dos sindicalistas acontece um dia depois do panelaço contra o governo argentino e o controle sobre a venda de dólares também na Praça de Maio. Cerca de 5 mil pessoas batiam panelas e faziam bastante barulho em frente à Casa Rosada, sede do governo. A manifestação é terceira em pouco mais de uma semana. Nos dias 1 e 2 de maio, protestos semelhantes ocorreram em Buenos Aires, mas em menor escala.
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O protesto aconteceu sete meses após a reeleição da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, com 54% dos votos, e um dia após ela afirmar que trocaria seus depósitos pessoais em dólares por investimentos em moeda local, o peso.
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No discurso, Cristina pediu que ministros e outras autoridades do governo seguissem o exemplo para que seja "superada a cultura argentina" de pensar em dólares. O governo decidiu controlar a venda da moeda americana desde novembro do ano passado e nos últimos dias intensificou o controle da venda das divisas.
Analistas econômicos observam que tradicionalmente os argentinos de classes média e alta poupam em dólares, especialmente em tempos de inflação alta ou de desconfianças nas medidas governamentais.
Redes sociais
O protesto foi convocado pelo Twitter e pelo Facebook. A concentração na Praça de Maio aconteceu após caminhada dos manifestantes batendo panelas pelas principais avenidas da cidade, como a Santa Fé, no bairro da Recoleta, e Nove de Julio, no centro. Também ocorreram protestos nos bairros de classe média Belgrano, Caballito, Flores, Palermo e San Telmo. Foi registrado ainda um panelaço em frente à residência presidencial de Olivos, na zona norte da província de Buenos Aires.
"O problema não é o dólar, é a inflação. Os argentinos estão tentando proteger seu dinheiro e o governo ainda está em tempo de resolver este problema", afirmou o ex-presidente do Banco Central, o economista Martín Redrado, critico do governo. "Quando os argentinos sentem a inflação e percebem que o dinheiro não chega até o fim do mês então passam a prestar ainda mais atenção nos casos de corrupção do governo. É o que está acontecendo", disse a analista Mariel Fornoni, da consultoria política Managment&Fit.
Em 2008, protesto similar foi realizado em Buenos Aires e outras cidades do país pedindo "diálogo" da presidente com produtores rurais que realizavam paralisação. Cristina não costuma conversar com opositores, segundo observou a senadora e jornalista Norma Morandini.
*Com BBC e AFP