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Cristina Kirchner pede intervenção do papa em disputa por Ilhas Malvinas

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iG São Paulo

Não houve comentário imediato do Vaticano se o novo papa, que nasceu na Argentina, aceitaria pedido feito em encontro realizado na véspera de sua entronização como pontífice

As habilidades diplomáticas do papa Francisco foram postas em teste nesta segunda-feira quando sua rival política, a presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, lhe pediu para que interviesse com o Reino Unido na disputa pelas Ilhas Malvinas (chamadas pelos britânicos de Falkland), no Atlântico Sul.

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Não houve comentário imediato do Vaticano se o novo papa, que nasceu na Argentina, aceitaria seu pedido, que foi feito durante sua audiência inaugural com a visita de um chefe de Estado na véspera de sua entronização como pontífice.

Francisco e Cristina são rivais de longa data: como líder dos católicos argentinos, ele acusou o governo populista de demagogia, enquanto ela classificou a oposição dele à adoção por casais gays como remanescente da Idade Média e da Inquisição.

Mas, em relação às Malvinas, Francisco já foi citado como tendo dito que o Reino Unido "usurpou" as ilhas remotas, cuja soberania a Argentina reinvidica há quase 200 anos. Em 1982, os dois países travaram um guerra pelo território, que foi vencida pelos britânicos após 74 dias. No início deste mês, habitantes locais votaram em peso para manter as ilhas como território ultramarino do Reino Unido.

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Após um almoço com o pontífice, Cristina disse ter pedido a intermediação de Francisco para "facilitar um diálogo" com o Reino Unido sobre as ilhas. "Pedi a intervenção dele para evitar problemas que podem surgir a partir da militarização do Reino Unido no Atlântico sul", afirmou. "Queremos um diálogo e é por isso que pedimos ao papa para intervir para que o diálogo seja bem-sucedido."

Cristina, que preside a Argentina há seis anos, montou uma campanha para renegociar a soberania do arquipélago, causando uma série de disputas diplomáticas com o Reino Unido.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse na semana passada que o papa Francisco tinha errado ao dizer em 2012 que o Reino Unido "usurpou" as ilhas. No ano anterior, então como cardeal Bergoglio afirmou que as ilhas eram "nossas", uma visão da qual a maioria dos argentinos compartilha.

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Ao pedir a interferência de Francisco, Cristina disse lembrar como o papa João Paulo 2º evitou, em 1978, um guerra entre a Argentina e o Chile sobre três minúsculas ilhas no Canal Beagle, no extremo sul da América do Sul.

Com os dois governos militares em ambos os lados prontos para a batalha, ele encarregou seu enviado pessoal de mediar a crise por meio de uma diplomacia entre Santiago e Buenos Aires, e eventualmente levou as duas administrações ao Vaticano para considerar um acordo.

O conflito não foi inteiramente resolvido até depois do retorno da democracia para a Argentina, com ambos os lados assinando um "tratado de paz e amizade" no Vaticano em 1984 que concedeu as ilhas ao Chile, mas os direitos marítimos à Argentina.

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Nesta segunda, Cristina deu a Francisco um retrato de um monumento em mármore honrando o 30º aniversário das negociações de João Paulo 2º e então usou a oportunidade para levantar a questão da soberania das Malvinas.

Eles também pareceram melhorar sua relação. Ela presenteou o novo papa com uma cuia e uma bomba para tomar chimarrão, que Francisco adora, e ele a beijou no rosto. "Nunca na minha vida um papa me beijou", Cristina disse depois.

A presidente argertina e seu antecessor, seu marido Néstor Kirchner (morto em 2010), desafiaram aos ensinamentos da igreja ao pressionaram uma série de medidas com apoio popular no país, incluindo educação sexual obrigatória, distribuição gratuita de contraceptivos nos hospitais públicos e o direito para os transexuais de mudar suas identidades. Em 2010, a Argentina se tornou o primeiro país da América Latina a legalizar os casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

*Com AP e Reuters


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