Luciana Lima
Cotado para disputar Planalto, governador de Pernambuco faz coro a ideia de Estados produtores para redistribuição das compensações pagas pela exploração do petróleoPossível candidato à Presidência da República, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), desembarcou em Brasília com um discurso bem palatável aos Estados produtores de petróleo, como Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, que lutam para garantir exclusividade sobre os royalties de produção dos contratos já concedidos.
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Em reunião com governadores, Campos chegou a defender a proposta levada pelos deputados desses Estados na semana passada à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e que deverá ser apresentada à presidenta Dilma Rousseff na próxima semana. Essa ideia mantém os contratos em vigor na integralidade para os Estados produtores e prevê um acordo no qual a União antecipa os royalties futuros da produção de petróleo da camada pré-sal para os Estados não produtores.
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Caso a candidatura à presidência de Eduardo Campos se efetive, é consenso inclusive no PSB, que a região Sudeste é o grande desafio da futura campanha. Nessa região estão concentrados os Estados produtores e os maiores colégios eleitorais do País. Nesse contexto, a posição de Campos, que governa um Estado não produtor de petróleo, surpreendeu e foi vista por muitos parlamentares como um discurso de candidato.
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Alguns deputados do Rio de Janeiro acreditam que o apoio do pernambucano à proposta foi importante. “É o primeiro governador de um Estado não produtor a defender o que nós defendemos, a reconhecer que nós estamos certos”, disse o deputado Alessandro Molon (PT-RJ), um dos autores das ações levadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), questionando a derrubada do veto da presidenta Dilma Rousseff sobre a proposta aprovada pelo Congresso.
A defesa dos contratos em vigor para os produtores mereceu elogios do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). “Ele está defendendo o que é constitucional. Se tem pretensão de uma disputa nacional não importa”, poderou o deputado.
Já o deputado Hugo Leal (PSC-RJ) teme que após a defesa por parte de Campos, eventual adversário de Dilma em 2014, o Planalto fique propenso a não aceitar a proposta de acordo. “Me surpreende ele agora pegar carona nessa proposta. Você acha que o governo agora vai querer fazer o que ele falou?”, questionou.
O senador Wellington Dias (PT-PI) diz que não há disposição de outros governadores de estados não confrontantes de abrir mão dos contratos em vigor. “A posição do Eduardo me pareceu isolada”, disse o senador
“O que vi na reunião foram os governadores do Nordeste, da região Norte, do Sul, de Minas Gerais não comprando essa ideia de medo do que o Supremo vai decidir. O que vi foram os governadores defendendo a tese de que aprovamos aqui no Congresso uma lei justa. Ninguém aqui ficou brincando de aprovar lei”, disse o Dias.