Nivaldo Souza
Ex-senadora faz campanha para atingir em três meses as 556 mil assinaturas necessárias para criar seu partido sem deixar de criticar embate entre Aécio e DilmaCandidata derrotada nas eleições de 2010 e ex-senadora, Marina Silva criticou neste sábado (23) os movimentos do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e da presidenta Dilma Rousseff (PT) pela a disputa ao Palácio do Planalto em 2014. “Infelizmente, na realidade brasileira, sempre foi assim: as pessoas antecipando as eleições”, afirmou.
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A crítica foi feita durante ato em Brasília para o levantamento das 556 mil assinaturas que a Rede Pró-Sustentabilidade precisa para ser validado como partido pela Justiça Eleitoral, a tempo de participar das eleições do próximo ano. Marina, contudo, reconheceu que a Tribunal Superior Eleitoral poderia interpretar equivocadamente o corpo a corpo realizado na Feira do Guará, mercado popular da capital federal, como “campanha antecipada”.
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Apesar da ponderação, quando questionada sobre sua entrada na disputa presidencial de 2014, ela preferiu indicar que pode haver “uma possível força [popular com a criação do partido] para a candidatura”.
Marina afirmou também que há um movimento para mudar as regras necessárias para a criação de partido. “Não se pode mudar as regras do jogo no meio do jogo. Por que no momento que queremos defender a causa da sustentabilidade, da ética na política, querem alterar a regra do jogo?”, questionou.
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A ex-senadora se referia a um projeto de lei em elaboração pelo deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP), segundo o deputado José Antonio Reguffe (PDT-DF), apoiador do projeto partidário de Marina. Araújo já teria obtido aval de líderes dos partidos na Câmara para pedir urgência na apreciação de um projeto que altera o sistema assinaturas obrigatórias. Para criar um partido, é preciso colher assinaturas correspondentes a 0,5% do total de votos para deputados federais na última eleição.
Araújo, segundo Reguffe, vai propor que o número obrigatório seja 1%. A alteração exigiria que a Rede atingisse mais de 1 milhão de assinaturas até outubro, quando vence o prazo de inscrição na Justiça Eleitoral para participar das eleições do próximo ano.
Encontro inusitado
Marina Silva se encontro por acaso com o senador Jorge Viana (PT-AC) nos corredores da Feira do Guará. Discreto, usando boné, Viana comia pastel em uma lanchonete quando uma partidária de Marina lhe estendeu uma ficha de apoio à criação da Rede.
O senador recusou encabulado, dizendo que não podia endossar a criação da Rede pela posição que ocupa. Ele é o vice-presidente do Senado e um dos principais articuladores da base aliada do governo Dilma no Congresso.
Mas Viana desejou sorte à Marina. “Eu torço para que dê tudo certo. A Marina é uma parceira de tempos, lamentei muito a saída dela [do PT, em 2009]”, disse.
O senador afirmou também que a presidente Dilma deve ampliar sua agenda de olho na reeleição. “A presidenta vai fazer uma agenda nova este ano. Ela vai andar o País mostrando as coisas do governo”, indicou.
Fim da reeleição
Caso consiga criar seu partido, Marina Silva promete abertura para diferentes correntes dentro da legenda, havendo espaço para entrada de políticos ligados às bandeiras do desenvolvimento sustentável. Segundo ela, a ida de parlamentares de outros partidos deve ocorrer por “aproximação programática”.
O novo partido propõe a renovação política no Congresso Nacional. A Rede sugere que deputados e senadores tenham direito a apenas uma reeleição. No caso dos deputados, isso representaria oito anos de atividade parlamentar e, para os senadores, 16 anos.
A legenda quer encerrar, assim, a “eternização de caciques”, segundo o diretor jurídico responsável pelo estatuto da Rede, André Lima.
A obtenção de um terceiro mandato ficaria a cargo de uma assembleia do partido, na qual o parlamentar precisaria obter mais de 50% de aprovação.
O partido também promete deixar 30% de suas candidaturas abertas para qualquer pessoa não filiada. O objetivo é abrir a legenda para mais correntes ideológicas.
Para essas e outras ideias, assim como a candidatura de Marina Silva à Presidência, saírem do papel, a Rede precisa bater suas próprias metas. Entre elas, atingir 250 mil assinaturas em São Paulo e outras 150 mil no Rio de Janeiro, Distrito Federal e Minas Gerais.
O partido precisará, porém, atingir o coeficiente mínimo de 0,1% do total de votos para deputados federais na última eleição em pelo menos nove estados, como determina a legislação.
Marina se disse confiante em atingir a meta mínima de 556 mil assinaturas até o final de junho. Para isso, vai viajar principalmente as capitais brasileiras para pedir apoio de eleitores. Ela participa ainda hoje de ato na Avenida Paulista, em São Paulo. “É um prazo curto, mas vamos trabalhar para conseguir”, diz.