Wanderley Preite Sobrinho
Participação da polícia no caso Rugai dominou os depoimentos coletados nesta quarta-feira. Contador, antropóloga, jornalista e vigia participaram do depoimentosO papel da polícia na investigação do duplo homicídio supostamente cometido pelo ex-seminarista Gil Rugai em março de 2004 centralizou as discussões nas primeiras oito horas do terceiro dia de julgamento no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de de São Paulo.
Perfil: Excêntrico e calado, Rugai é preservado por advogados como estratégia da defesa
Depoimentos de hoje:
Contador diz que 'é complicado' encontrar suposta fraude feita por Gil Rugai
Defesa chama antropóloga da USP para desmistificar comportamento de Gil Rugai
Advogado de defesa Thiago Anastácio, durante chegada ao Fórum da Barra Funda, nesta terça-feira
Foto: Alice Vergueiro/Futura Press
Réu Gil Rugai chega ao segundo dia do júri popular, em SP. 'Eu não matei. Sou inocente', disse
Foto: Alice Vergueiro/Futura Press
O perito Adriano Issamu Yonanime, ao deixar o Fórum da Barra Funda
Foto: Wanderley Preite Sobrinho/iG
Defensores ocupam lugar no Salão do Júri no fórum. Cinco homens e duas mulheres decidirão o futuro de Rugai
Foto: Alice Vergueiro/Futura Press
Juiz Adilson Simoni (ao centro) e equipe de acusação no plenário do Fórum Criminal da Barra Funda
Foto: Alice Vergueiro / Futura Press
Gil Rugai chega ao Fórum da Barra Funda, em São Paulo, com a mãe e o irmão
Foto: Futura Press
Perito Ricardo Molina, convocado para auxiliar a defesa, concedeu entrevista aos jornalistas em frente ao fórum
Foto: Alice Vergueiro/Futura Press
Léo Rugai, irmão do réu, chega ao Fórum Criminal da Barra Funda para acompanhar o julgamento
Foto: Terra Britto/Futura Press
Embora não tenha formalizado qualquer acusação, a defesa tenta explorar supostas falhas e abusos e colocar sob suspeita a isenção do Departamento de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHPP) na investigação da morte do pai de Gil, Luiz Carlos Rugai, e de sua madrasta, Alessandra de Fátima Troitino.
Depois de ouvir o contador Edson Tadeu de Moura, a antropóloga Ana Lucia Pastore foi convidada pelos defensores do réu a comentar o material apreendido no quarto de Rugai.
A polícia anexou ao inquérito uma carta enviada por uma amiga ao réu em que ela o aconselha a admitir sua hipotética homossexualidade. Na mesma apreensão, foram levados um símbolo nazista [usado em um trabalho escolar], seringas com sangue de amigos e um frasco contendo veneno de rato. Para Ana Lucia, "a coleta de provas deve ser regida por princípios, pela relevância, não pela seleção de objetos".
Depoimentos das testemunhas:
'Não tenho dúvida', diz delegado sobre participação de Gil Rugai em homicídios
'Ele é um menino perigoso', disse pai de Gil Rugai a amigo dias antes de morrer
'Eu reitero e confirmo: o chute foi desferido por Gil Rugai', diz perito
Vigia confirma ter visto Gil Rugai deixar local do crime minutos após disparos
Próximo a responder às questões da defesa e acusação, o jornalista da Rede Globo Valmir Salaro comentou a matéria feita por ele na época do crime contando que membros do DHPP eram os principais suspeitos por incendiar a guarita de uma das principais testemunha, o vigia que disse ter visto Gil Rugai deixar a casa do pai 20 minutos depois dos disparos.
Questionado pela acusação se a fonte consultada para a sua reportagem era confiável, Salaro respondeu dizendo que “jornalista sério não trabalha com fofoca”.
Um outro vigia do bairro de Perdizes, onde ocorreu o crime, Valeriano Rodrigues dos Santos chegou a dizer que sofreu pressão do delegado para que confessasse que viu alguém deixar a casa, o que ele nega.
“Ele [o delegado] me fez a pergunta. Eu respondi que não tinha visto. Ele ficou nervoso por achar que eu não queria falar”, contou. “Ele insistiu, bateu na mesa, apontou para mim e grito: ´você viu!´” O delegado teria sugerido que não deixaria o vigia deixar a delegacia naquele dia, o que acabou não acontecendo.
Já o perito Ricardo Salada, que participou da investigação, chamou a atenção para o que ele chamou de “tiro de referência”, a técnica de executar alguém com extrema precisão. De acordo com ele, o tiro na nuca do pai de Rugai era sinal de que o atirador não estava emocionalmente envolvido com a vítima. “Faço de 60 a 80 perícias por mês, e não é comum ver um tiro de referência", afirmou.