Reuters
Sessão analisaria estado dos direitos humanos no país e Israel não enviou representação. O Conselho de Direitos Humanos precisou adiar a audiênciaIsrael boicotou na terça-feira (29) uma audiência do Conselho de Direitos Humanos da ONU, tornando-se o primeiro país a faltar a uma sessão na qual sua própria situação seria analisada.
A ausência israelense foi amplamente criticada, inclusive tacitamente pelos Estados Unidos, que apontaram no mecanismo de escrutínio do Conselho um "mecanismo valioso", por ser aplicado a todos os países.
O Conselho de Direitos Humanos examinaria a situação de Israel como parte da Revisão Periódica Universal, a qual todos os países da entidade são submetidos. Israel havia sido o alvo pela última vez em dezembro de 2008, quando enviou representação.
Na revisão de terça-feira, Israel provavelmente sofreria críticas pelo tratamento dispensado aos palestinos. Dizendo-se sistematicamente discriminado, o Estado judeu suspendeu suas relações com o Conselho em maio. Diplomatas esperavam que Israel mudasse de ideia na última hora, o que não ocorreu.
Leia também:
EUA são reeleitos para Conselho de Direitos Humanos; Brasil ganha vaga
Sob investigação, Israel rompe com Conselho de Direitos da ONU
Justiça israelense inocenta Exército por morte de ativista com escavadeira
Tribunal israelense aprova expulsão de 1,5 mil imigrantes do Sudão do Sul
Os 47 países integrantes do Conselho então adotaram uma moção lamentando a ausência de Israel e pedindo sua cooperação numa revisão a ser realizada "no mais tardar" na sessão de outubro e novembro.
Os Estados árabes se preparavam para criticar Israel pelo tratamento dado a detentos, pela expansão dos seus assentamentos em territórios ocupados e pelo bloqueio naval à Faixa de Gaza.
"Como único Estado recalcitrante entre os 193, a deliberada ausência de Israel sabotaria o princípio da universalidade", disse Peter Splinter, representante da Anistia Internacional junto à ONU em Genebra, em post num blog.
Falando na terça-feira ao Conselho, a embaixadora norte-americana de direitos humanos, Eileen Chamberlain Donahoe, evitou citar nominalmente o país aliado, mas salientou que Washington valoriza o fato de que todos os países tenham sua situação examinada.
"A Revisão Periódica Univerial tem sido um mecanismo valioso por ser universalmente aplicável a todos os Estados membros em termos iguais, e por ser conduzido de forma cooperativa e colaborativa", afirmou ela.
Falando pela União Europeia, a Irlanda disse ser importante manter a participação universal e o caráter cooperativo do mecanismo de revisão.
O Egito e outras delegações árabes foram menos diplomáticos. "É um claro caso de não-cooperação e descumprimento por parte de um Estado sob revisão", disse o egípcio Wafaa Bassim.
Uma equipe de investigadores da ONU criada pelo Conselho no ano passado deve apresentar em breve um relatório determinando se os assentamentos judaicos da Cisjordânia violam o direito humanitário internacional.