iG São Paulo
Investigação mostrou que militares desligaram o GPS da viatura no momento do crime e exame de balística indicou que a arma de um dos agentes foi usada para matar dois jovensA Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo anunciou nesta quinta-feira (24) que seis policiais militares estão presos acusados de matar sete pessoas na primeira chacina de 2013 na capital paulista. O crime aconteceu na região do Campo Limpo, zona sul de São Paulo. Segundo a SSP, a prisão temporária de 30 dias dos suspeitos foi decretada pelo juiz do 1º Tribunal do Júri de São Paulo. O crime foi registrado como homicídio doloso.
O caso: Primeira chacina do ano em São Paulo deixa sete mortos e dois feridos
Foram detidos o sargento Adriano Marcelo do Amaral, de 40 anos, o soldado Carlos Roberto Alvarez, de 38 anos, e a cabo Patrícia Silva Santos, de 36 anos. Eles integravam a Força Tática e, segundo a investigação, desligaram o GPS da viatura durante 54 minutos, no mesmo dia e horário do crime.
Também foi preso o soldado Eric Gilberto Francisco, de 25 anos. O exame de balística indicou que a arma usada para matar duas vítimas era a mesma que ele usava no dia. Na coronha de uma espingarda calibre 12, foi encontrado sangue. Esta arma, entretanto, não tinha registro de saída, o que levou à prisão temporária o armeiro Anderson Francisco Siqueira, soldado de 36 anos. “Ele facilitou a saída das armas”, explicou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, em entrevista coletiva.
Outro soldado, Fábio Ruiz Ferreira, de 29 anos, teve sua casa revistada e lá, a polícia encontrou toucas ninjas e placas frias de veículos que teriam sido usadas nas ações. Todos os presos negaram a participação no crime.
A prisão dos suspeitos se deu, segundo o secretário, “graças à união das forças” do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da Corregedoria da Polícia Militar e da técnica da Polícia Científica, que investigam o caso.
As investigações não estão encerradas. Segundo o secretário, há suspeitas de que mais policiais possam estar envolvidos no crime, nada ainda confirmado pelas apurações. “Todas as hipóteses devem ser investigadas”, afirmou.
O caso
Sete pessoas morreram e outras duas ficaram feridas após serem baleadas por volta das 23h do dia 4 de janeiro deste ano, num bar localizado no Jardim Olinda, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. Segundo a polícia, eles foram atacados por homens que estavam dentro de um carro.
Policiais militares foram chamados para atender a ocorrência, e, no local, constataram algumas vitimas já mortas, na entrada e atrás do balcão do bar. Um adolescente chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Outras duas vítimas, também foram socorridas e resistiram aos ferimentos. O caso havia sido registrado como homicídio qualificado no 89º DP (Morumbi).
Motivação
Como as investigações ainda estão em curso, segundo Fernando Grella, não é possível dizer o que motivou o crime, mas tudo indica que foi uma retaliação às filmagens que mostravam policiais matando contra o servente Paulo Batista do Nascimento. Após o crime, o delegado-geral delegado-geral da Polícia Civil, Maurício Blazeck afirmou à Rede Globo que uma das vítimas teria sido o autor da gravação, mas a SSP informou depois não haver indícios de que nenhuma das vítimas fosse o homem que fez as imagens. A hipótese teria sido "aventada por moradores do bairro", porque uma das vítimas, o DJ Lah, assumia para si a autoria das imagens, o que não teria sido comprovado.
Nesta quinta-feira, o secretário da Segurança Pública destacou ainda que a polícia teve coragem para apurar e esclarecer os fatos. “Confiem na polícia. Estar aqui é um motivo para isso.”
“A polícia está atuando neste momento doloroso, não queríamos estar aqui”, declarou Grella. “As instituições são formadas por homens e têm problemas. Só não podem jogar os problemas para debaixo do tapete.” “Estamos aqui cumprindo o nosso dever”, concluiu o secretário Fernando Grella.