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Observadores da ONU encontram sinais de massacre na síria Qubair, Hama

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iG São Paulo

Monitores veem covas, prédios queimados e restos humanos, mas não está claro onde está maioria dos corpos; Damasco teria retirado grande parte deles para 'limpar' local

Monitores da ONU que conseguiram entrar nesta sexta-feira na vila de Qubair, na Província de Hama (centro do país), viram casas queimadas e covas de algumas das vítimas do massacre que deixou dezenas de mortos no local na quarta-feira, disse o ativista Mousab Alhamadee. Na quinta, os monitores que tentavam chegar à área foram forçados a recuar após serem "alvo de disparos com armas de baixo calibre", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que, porém, não mencionou se o incidente deixou vítimas.

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De acordo com a BBC, que tem um de seus correspondentes acompanhando a missão dos observadores, há na vila de Qubair prédios com restos humanos e construções carbonizadas. No entanto, não está claro o que aconteceu com a maioria dos corpos das dezenas de vítimas relatadas por ativistas. Alguns corpos teriam sido enterrados na vila vizinha de Maarzaf.

De acordo com a oposição, forças do governo retiraram muitos corpos enquanto os observadores da ONU tentavam chegar ao local na quinta-feira. O chefe da missão de observadores da ONU, o general norueguês Robert Mood, disse que os monitores da ONU mobilizados na Síria foram impedidos, principalmente "por barreiras do Exército", de chegar à vila.

Como o regime de Bashar al-Assad impossibilita o acesso da imprensa, é impossível confirmar de forma independente o número exato de mortos e as circunstâncias da chacina em Qubair. Dois grupos de ativistas sírios, o Comitê de Coordenação Local e o Conselho Nacional Sírio, apontaram que o massacre deixou 78 mortos, incluindo muitas mulheres e crianças. Já o Observatório Sírio de Direitos Humanos disse que há "ao menos 55 mortos".

O regime sírio, porém, diz que terroristas são responsáveis e aponta a morte de somente nove pessoas. A TV estatal síria divulgou vídeos com imagens de mulheres e crianças mortas e acusou terroristas de realizar a matança para estimular uma intervenção externa no país.

Hama foi o local de um notório massacre em 1982, quando o pai e antecessor de Assad, Hafez, ordenou que o Exército coibisse uma rebelião sunita. A Anistia Internacional estimou que entre 10 mil e 25 mil foram mortos no cerco, embora existam dados conflitantes e o governo sírio nunca tenha feito uma estimativa oficial.

O novo massacre ocorreu menos de duas semanas depois de 108 civis, incluindo 49 crianças e 34 mulheres, terem sido mortos na região de Houla, na Província de Hama. Os números são da ONU, que conseguiu acesso ao local assim que ocorreram os episódios de violência. Os massacres acontecem enquanto um plano de paz fracassa e o país se aproxima cada vez mais de uma guerra civil.

Ativistas dizem que a repressão de Assad contra o levante antigoverno deixou 13 mil mortos desde março de 2011. Um ano depois do início da revolta, a ONU estimou o número de mortos em mais de 9 mil, mas centenas morreram desde então. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse nesta sexta-feira que 1,5 milhão de civis necessitam de ajuda humanitária na Síria.

Na quinta, o enviado internacional Kofi Annan alertou o Conselho de Segurança da ONU que a crise na Síria pode ficar fora de controle em breve e pediu "pressão substancial" sobre Damasco por estar minando seu plano de paz.

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A comunidade internacional vem condenando a repressão conduzida por Assad, mas os EUA e seus aliados têm pouca possibilidade de ação na Síria. Os líderes ocidentais depositaram suas esperanças na pressão diplomática de Annan, com os EUA e outros não desejando se envolver profundamente em outro tumulto em uma nação árabe - principalmente uma tão imprevisível quanto a Síria.

O conflito está entre os mais explosivos da Primavera Árabe, em parte por causa da rede de alianças de forças como o grupo xiita libanês Hezbollah e o xiita Irã. A Rússia e a China têm impedido uma ação mais forte do Conselho de Segurança da ONU, dando a Assad uma significativa proteção enquanto a repressão continua. Ambos os países, que têm poder de veto no órgão mais importante da ONU, opõem-se a uma intervenção na Síria.

*Com AP, BBC, AFP e Reuters


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