Quantcast
Viewing all articles
Browse latest Browse all 108070

Crise de reféns na Argélia continua; número de mortos não está claro

iG São Paulo

Um dia após governo argelino afirmar que terminou operação para pôr fim a sequestro de estrangeiros e argelinos em campo de gás, Reino Unido afirma que ação está em progresso

Uma operação para libertar reféns de ao menos dez países em um campo de gás natural na desértica região sul da Argélia ainda não terminou, disse o governo britânico nesta sexta-feira, um dia depois de o governo argelino ter dito que a ação militar havia acabado. "O indicente terrorista continua em progresso", disse o Ministério de Relações Exteriores britânico sem dar mais detalhes. O ministro do Interior da França, Manuel Valls, afirmou que a situação permanece obscura.

Quarta: Grupo ligado à Al-Qaeda faz estrangeiros reféns em usina de gás da BP na Argélia

Quinta: Argélia lança operação para resgatar reféns de militantes em campo de gás

O destino de muitos dos reféns e dos radicais islâmicos que atacaram na quarta o complexo de Ain Amenas, no Saara perto da fronteira com a Líbia, continua incerto, e declarações conflitantes do Exército da Argélia e dos militantes confundiu a compreensão mundial sobre um incidente que irritou os líderes ocidentais.

Ao menos seis pessoas, e talvez muitas outras mais, morreram, incluindo britânicos, filipinos e argelinos. Reféns aterrorizados da Irlanda e da Noruega escaparam de Ain Amenas, que é operado pela estatal de petróleo da Argélia, Sonatrach, juntamente com a petrolífera britânica BP e a norueguesa Statoil. Há dezenas de desaparecidos: americanos, britânicos, franceses, noruegueses, malaios, japoneses, argelinos e os próprios militantes.

"A situação permanece fluida, e muitos detalhes ainda não estão claros, mas a responsabilidade pelos eventos trágicos dos últimos dois dias está nas mãos dos terroristas que escolheram atacar trabalhadores inocentes, assassinando alguns e tomando outros como reféns", disse o secretário de Relações Exteriores britânico, William Hague. No ataque inicial ao complexo na quarta, um britânico e um argelino morreram, enquanto outros seis ficaram feridos - dois britânicos, um norueguês, dois policiais e um agente de segurança.

O governo dominado pelo Exército da Argélia, endurecido por décadas de combate a militantes islâmicos, esnobou as ofertas de auxílio externas e lançou a operação sozinho, evitando até mesmo passar informações aos líderes ocidentais.

Com o drama dos reféns chegando a seu segundo dia na quinta, as forças argelinas resolveram atuar, primeiramente com disparos de helicóptero e depois com forças especiais, de acordo com diplomatas, um site relacionado aos militantes e uma autoridade de segurança da Argélia. À TV argelina, o ministro de Comunicações da Argélia, Mohamed Said Belaid, disse na quinta que o Exército foi forçado a agir porque os militantes rejeitaram se entregar e tentaram fugir do país com os reféns.

Saiba mais: Leia todas as notícias sobre a crise de reféns na Argélia

Os militantes - liderados pelo braço da Al-Qaeda no Mali, conhecido como "Brigada Mascarada" - sofreram baixas na ofensiva militar de quinta, mas conseguiram uma audiência global.

O número de mortos varia amplamente. É extremamente difícil chegar à localidade remota, que foi cercada por forças de segurança argelinas - que, como os militantes, estão inclinadas a fazer propaganda de seus sucessos e atenuar seus fracassos.

"Um número importante de reféns foi libertado e um número importante de terroristas foi eliminado, e lamentamos os poucos mortos e feridos durante a operação", afirmou o ministro das Comunicações, acrescentando que os "terroristas são de várias nações" e têm o objetivo de "desestabilizar a Argélia, envolvê-la no conflito do Mali e prejudicar sua infraestrutura de gás natural".

A agência de notícias oficial disse que quatro reféns foram mortos na operação de quinta, sendo dois britânicos e dois filipinos. Citando fontes hospitalares, a APS afirmou que seis argelinos e sete estrangeiros ficaram feridos. A mesma agência informou que 600 funcionários locais foram libertados na ação militar - mas muitos destes já haviam sido soltos pelos próprios militantes no dia anteriior.

À Agência de Informação Nouakchott, rede de notícias da Mauritânia que divulga informações de grupos extremistas vinculados à Al-Qaeda, militantes disseram que helicópteros do Exército atacaram o local, matando 35 estrangeiros e 15 sequestradores. O porta-voz do Katibat Moulathamine ("Brigada Mascarada"), grupo fundado por um importante membro da Al-Qaeda no Norte da África, afirmou que Abou El Baraa, líder dos sequestradores, estava entre os mortos, enquanto sete reféns estrangeiros estavam vivos.

Na quarta, os militantes disseram que mantinham 41 estrangeiros como reféns, enquanto o governo argelino afirmava que haveria 20, incluindo americanos, britânicos, noruegueses, franceses e japoneses. Os militantes justificaram a ação afirmando que era uma retaliação à Argélia por permitir que a França use seu espaço aéreo para lançar ataques contra grupos rebeldes vinculados à Al-Qaeda no norte do Mali.

Terrorismo: Al-Qaeda esculpe em cavernas e no subterrâneo seu próprio país no Mali

Análise: Terrorismo em Mali deixa França sem saída fácil de conflito

O ministro do Interior argelino disse que os sequestradores operam sob as ordens de Mokhtar Belmokhtar, um graduado comandante da Al-Qaeda no Magreb Islâmico desde o fim do ano passado, quando ele montou seu próprio grupo armado depois de aparentemente ter se indisposto com outros líderes.

*Com AP


Viewing all articles
Browse latest Browse all 108070