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Terrorismo em Mali deixa França sem saída fácil de conflito

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Operação aumenta possibilidade de transformar África em novo inimigo da guerra ao terror enquanto EUA e aliados deixam antigo confronto no Afeganistão

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Ao quebrar suas próprias regras de segurança por meio de uma intervenção militar surpresa no Mali, a França deu a impressão de que tentava impedir o avanço de radicais islâmicos vistos como uma ameaça para a Europa.

Mas a operação aumentou a possibilidade de transformar a África em novo inimigo da guerra do Ocidente ao terror enquanto a França e outros aliados dos EUA saem do antigo confronto no Afeganistão. E isso prejudica a promessa do presidente François Hollande de acabar com os laços paternalistas que a França há muito tempo vem mantendo com suas antigas colônias africanas.

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A França teme que o Mali seja um novo santuário do terrorismo e disse que a ação rápida havia sido a única opção após súbitos avanços extremistas na semana passada.

Autoridades francesas consideram que o Mali e seus vizinhos na África Ocidental, a Europa e especialmente a França são ameaçados por três organizações radicais, incluindo uma filial da Al-Qaeda, que controlam o norte do Mali e pretendem estender seu domínio para o sul na capital de Bamako para a criação de um Estado de terror.

Autoridades francesas reconheceram no domingo de 13 de janeiro que os militantes estavam armados e equipados de uma maneira muito diferente do que a França tinha pensado. O mundo inteiro observa qual será o próximo passo da França.

Será que as tropas francesas apoiarão as tropas africanas, como inicialmente havia sido planejado pelo Ocidente por um Conselho de Segurança da ONU numa tentativa de resolver a crise em Mali? Ou será que se envolveram de uma maneira mais profunda com Mali e outras nações africanas - e, talvez, podem arrastar aliados ocidentais juntamente com eles?

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O Ministro de Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, explicou a missão brevemente: "Precisamos nos livrar desse terrorismo que ameaça colocar em risco a segurança de Mali, a segurança de nosso país e da Europa."

Ele se recusou em dizer quando a intervenção acabaria. Mas um assessor do presidente francês, François Hollande, destacou a importância de transferir a responsabilidade para autoridades regionais. "A palavra da vez é africanização, ou seja, a rápida implementação de uma força africana", disse o oficial que não estava autorizado a falar publicamente e pediu para não ser identificado.

O presidente francês liderou o esforço pela aprovação da resolução da ONU em auxiliar o Mali. Soldados africanos ajudariam o fraco Exército do Mali após um treinamento fornecido pelo Ocidente - e depois que um plano militar aceitável fosse criado.

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Mas Hollande, cuja popularidade despencou desde sua eleição em maio, teve um raro apoio de seu país por ama ação no Mali. Aliados ocidentais também manifestaram apoio à ação francesa, com algumas ofertas de ajuda – mas não necessariamente de enviar soldados.

"Apoiamos nossos aliados franceses", disse o major da Força Aérea Robert Firman, no escritório do secretário de Defesa dos EUA, acrescentando que a troca de informação e organização logística serão sua contribuição.

François Heisbourg, analista internacional com a Fundação para a Pesquisa Estratégica, resumiu o argumento francês como sendo: "Um Estado amigável está à beira de ser controlado pela jihad (guerra santa), eles nos pediram para intervir. Se forem tomados, teremos um problema de terrorismo muito maior."

Ele comparou a situação à do Afeganistão em 2001, quando as tropas francesas se uniram à missão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no país. No mês passado, a França finalizou seu envolvimento no Afeganistão, retirando seus últimos soldados. Os EUA pretendem finalizar sua operação militar no Afeganistão no ano que vem.

A França tem cerca de 6 mil cidadãos, interesses econômicos e estratégicos em toda a região do deserto do Sahel, que inclui o Mali.

No momento, a ameaça é limitada ao Mali e potencialmente seus vizinhos - onde os terroristas podem alvejar interesses ocidentais, mas não têm a estrutura para causar danos em outros lugares, disse Sajjan Gohel, da Fundação Ásia-Pacífico com base em Londres. "Mas eles estão em ascensão. Presenciamos o processo de talebanização em Mali."

O que pode tornar essa campanha diferente é a promessa de Hollande de acabar com uma política informal de paternalismo com ex-colônias africanas. A política, conhecida como France-Afrique, é amplamente detestada por todos aqueles que estão fora dos círculos de privilégio dos países africanos, que recebem seus favores especiais.

Mas não é fácil para a França se retirar de suas ex-colônias, onde mantém laços e reconhece problemas com sua segurança - e, muitas vezes, é chamada pelo governo local para proteção.

Por Elaine Ganley


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