iG São Paulo
Clima pesado tomou conta do país após morte da estudante estuprada em Nova Délhi. Família da jovem pede pena de morte aos culpadosAs Forças Armadas da Índia cancelaram as celebrações de Ano Novo nesta segunda-feira (31), refletindo o clima pesado em todo o país após o estupro de uma estudante, que provocou comoção internacional.
Clubes sofisticados, políticos e indianos comuns também cancelaram as festas em respeito à mulher de 23 anos que morreu no sábado duas semanas após ter sido atacada em um ônibus em Nova Délhi.
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O ataque provocou protestos e um debate nacional que revelaram fissuras profundas na sociedade indiana, em que a visão patriarcal sobre as mulheres entram em confronto com uma cultura urbana em crescente modernização.
Autoridades reprimiram manifestações no coração de Nova Délhi antes do Natal, mas centenas de pessoas se juntaram para diversas vigílias na noite desta segunda-feira e mais eventos estavam planejados em Nova Délhi.
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O Exército, a Marinha e a Aeronáutica receberam ordens para cancelar quaisquer festas, afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa.
"Não há celebração de Ano Novo. (...) Haverá um tributo à luz de velas. (...) Depois disso, o clube será fechado", disse o secretário do Delhi Golf Club, Rajiv Hora, no centro da cidade.
O ataque de 16 de dezembro evidenciou uma epidemia de violência contra mulheres na Índia, onde um estupro é registrado em média a cada 20 minutos.
Veja imagens dos protestos no país após morte da jovem:
A polícia deteve cinco homens e um adolescente em conexão com o crime e é provável que apresente acusações de homicídio ainda nesta semana.
Pena de morte
A família da estudante disse que não descansará até que os assassinos da jovem sejam enforcados. Os promotores que estão cuidando do caso estão inclinados a propor sentença de morte para os adultos, que na Índia é executada com a forca.
"A luta acaba de começar. Queremos que todos os acusados sejam enforcados e lutaremos até o fim para isso", declarou o irmão da jovem ao jornal Indian Express.
A estudante de fisioterapia, que planejava se casar em fevereiro, morreu no sábado em um hospital de Cingapura pelos ferimentos causados pelo estupro e consequente espancamento.
O corpo da vítima, de família pobre, foi cremado no domingo em Nova Délhi, de acordo com os rituais hindus.
No dia 16 de dezembro, a jovem e um amigo voltavam do cinema em um ônibus, onde seis homens a estupraram e a agrediram sexualmente com uma barra de ferro para depois lançá-la do veículo.
O rapaz também sofreu graves ferimentos depois de ser atacado e lançado na estrada.
Familiares disseram ao jornal The Indian Express que o jovem participou de uma rodada de identificação de suspeitos em Tihar, uma prisão de segurança máxima de Nova Délhi.
Em uma entrevista concedida ao mesmo jornal, o pai da jovem expressou sua angústia após a divulgação de sua morte.
"É muito doloroso. Não consegui voltar a entrar em seu quarto. Ela nasceu nesta casa. Seus livros, suas roupas, tudo está ali", disse.
A família vive pobremente em um apartamento perto do aeroporto de Délhi, onde o pai trabalha depois de ter vendido suas escassas terras agrícolas para financiar os estudos da filha, segundo parentes.
A polícia de Délhi, por sua vez, assegurou que sua investigação estava quase completa, à espera da chegada do relatório da necropsia dos médicos de Cingapura, das conclusões dos especialistas forenses e das acusações, que serão divulgadas na quinta-feira (3).
"Corresponde ao tribunal decidir quando o julgamento começará", disse o porta-voz da polícia, Rajan Bhagat.
(Com informações da Reuters e AFP)