Agência Brasil
Luiz Alberto Figueiredo afirma que País passou a ocupar papel de destaque em relação às questões ambientais e de inclusão socialDesde a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho no Rio de Janeiro, o Brasil passou a ocupar um papel de destaque no cenário internacional na busca pela associação da inclusão social com os avanços econômicos e a preservação ambiental. A avaliação foi feita à Agência Brasil pelo embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores e coordenador-geral da Rio+20.
“A Rio+20 é o marco de toda a nova agenda na Organização das Nações Unidas (ONU)”, destacou Figueiredo, que disse ter reagido com “naturalidade” às críticas de parte da sociedade civil sobre aspectos do documento final da conferência. “Cada um está fazendo o seu papel e o papel da sociedade civil é criticar e buscar o avanço. O nosso papel é tentar avançar”, ressaltou . A seguir, os principais trechos da entrevista do embaixador à Agência Brasil.
Agência Brasil (ABr) – Seis meses depois da Rio+20, o que o senhor diz que não pôde ser feito pelas mais distintas razões e que resultados imediatos podem ser apontados?
Luiz Alberto Figueiredo Machado - Eu não vejo como algo que foi impedido. Vejo como uma construção. A Rio+20 marca uma construção e um início de processo novo. Recupera-se tudo o que foi feito em 1992, reafirma-se a validade não só teórica, mas em todos os processos que foram lançados depois e são lançados novos processos. A atualização de uma série de coisas dá concretude a certos fundamentos de 1992 que, até então, não estavam tão costurados como deveriam.
ABr – Por exemplo, o que estava negociado, mas não saía do papel?
Figueiredo - Por exemplo, a centralidade do tema do desenvolvimento sustentável com sinergia entre o econômico, o social e o ambiental. Todo mundo tinha acordado isso em 1992, mas a prática, desde então, estava um pouco menos sólida. Hoje sabe-se que não se pode cuidar do social, do econômico e do ambiental separadamente, porque uma coisa afeta a outra de maneira decisiva.
ABr – O Brasil, que coordenou a Rio+20, consegue dar exemplos para o mundo?
Figueiredo - Acho que o governo brasileiro tem sido exemplar no sentido de buscar sempre a sinergia dessas três dimensões do desenvolvimento sustentável. Temos vários exemplos. Posso citar o Programa Minha Casa, Minha Vida [que se destina a conceder facilidades aos trabalhadores com renda até R$ 5 mil para a compra da casa própria], que tem usado painéis solares para a geração de energia das habitações. Isso mostra sinergia clara entre preocupação social, econômica e ambiental. O Brasil é um dos raros países que apresentou progressos muito claros e equilibrados nas três dimensões.
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ABr – Nas numerosas reuniões multilaterais das quais o senhor participa, qual é o peso desse papel do Brasil nas negociações?
Figueiredo - É fundamental, pois [há uma compreensão de que] existe todo um país e uma população que se comporta de certa maneira e tem como objetivo comum o desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento, sim. Essa conferência [a Rio+20] foi sobre um modelo de desenvolvimento que informará as decisões do mundo inteiro que esperamos daqui para frente. Os problemas que vimos hoje em dia, muito graves, como as mudanças de clima, só se resolvem pelo desenvolvimento sustentável. Enquanto houver padrões insustentáveis de desenvolvimento, vamos ter dificuldades nas áreas de clima, perda de biodiversidade no mundo inteiro.
ABr – Durante a Rio+20, as negociações iam até de madrugada, várias vezes foram anunciados adiamentos. O que foi mais tenso?
Figueiredo - A tensão de uma negociação desse tipo é normal. [Uma negociação] multilateral tem dia e hora para terminar. Você está sempre de olho no relógio e isso leva as negociações a um alto grau de objetividade. Temos que resolver isto até tal hora e por isso se vira a noite. Tínhamos estabelecido um prazo para concluirmos as negociações do documento antes da chegada dos chefes de Estado porque não seria adequado atrapalhar a cúpula, que tinha sua agenda própria, com a continuação das negociações. Havia a pressão do relógio, que era uma pressão normal.
ABr – Houve quem levantasse dúvidas sobre a conclusão do documento final.
Figueiredo - Muitos achavam que seria impossível concluir em dois dias o que não tinha sido possível fazer no trabalho preparatório. Quando, no Rio de Janeiro, encerrou-se o comitê preparatório, 70% do texto ainda estavam em aberto, não acordados. Quando o Brasil recebeu a incumbência de concluir as negociações, tínhamos pouco tempo para fechar o texto. Com muito esforço, foi possível chegar a um bom termo nas negociações.
Obra feita com garrafas plásticas montada na praia de Botafogo
Foto: Agência Brasil
A presidenta Dilma Rousseff discursa na Cerimônia de abertura protocolar da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
Foto: Agência Brasil
Visão geral do plenário durante o discurso de Dilma Rousseff
Foto: Agência Brasil
Mulheres fazem protesto no Riocentro
Foto: Agência Brasil
Pessoas que passam pela Praia de Copacabana deixam mensagens sobre os oceanos em uma folha de papel com 150 metros, o Poema Gigante
Foto: Agência Brasil
Eduardo Paes e o prefeito Michael R. Bloomberg, de NY, no C40
Foto: Agência O Globo/Pablo Jacob
Detalhe das frutas expostas na feira
Foto: Fabrizia Granatieri
Ongs protestam contra texto da Rio+20
Foto: Divulgação
O tom do discurso de Dilma na Rio+20 será de "olhar para o futuro"
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
O presidente francês, François Hollande com Dilma Rousseff
Foto: Berg Silva/ Divulgação Hotel Windsor Barra
A estudante neozelandesa Brittany Trilford discursa perante chefes de Estado de todo o mundo na conferência
Foto: AFP
O guru indiano Swami Maheshwarananda
Foto: Divulgação/Agência Estado
Diversidade de estilos
Foto: Divulgação/Agência Estado
Diversidade de estilos
Foto: Divulgação/Agência Estado
Severn Suzuki
Foto: Maria Fernanda Ziegler
Maitha Al-Mahrouqi
Foto: Raphael Gomide
Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, discursa em conferência da ONU no Riocentro
Foto: BBC Brasil
Protesto no Riocentro
Foto: Valmir Moratelli
Mulheres marcham por direitos iguais dizendo “Meu Corpo é meu” durante Rio+20, nesta segunda
Foto: AP
Jovem escreve no corpo da outra na preparação para protesto por direitos iguais durante Rio+20
Foto: AP
Cúpula dos povos: menina brinca com globo gigante no aterro do Flamengo, neste domingo (17)
Foto: Agência Brasil
Agentes da ANATEL fecham rádio pirata durante a Cúpula dos Povos na tarde deste domingo (17)
Foto: Futura Press
Manifestantes na praia de Copacabana pediram que líderes destinem o valor de 1 trilhão de dólares - usado em subsídios aos combustíveis fósseis - em outras fontes de energia
Foto: AP
Fila gigantesca formada no Forte de Copacabana para ver a exposição sobre sustentabilidade
Foto: Paula Giolito / Agência O Globo
Menino confere exposição no Forte de Copacabana
Foto: Agência Brasil
Vik Muniz reproduz com lixo paisagem da Baía de Guanabara
Foto: AP
Prefeito do Rio, Eduardo Paes, recebe índios de várias etnias, na quadra do Bloco Cacique de Ramos, no domingo (17)
Foto: Agência Brasil
Com chapéu na mão, Prefeito do Rio saudou chegada dos índios em Ramos, Rio de Janeiro
Foto: Agência Brasil
No palco, Eduardo Paes disse que a cidade do Rio é uma cidade acolhe a diversidade
Foto: Agência Brasil
Foi preciso enfrentar uma longa fila para poder vistar o navio do Greenpeace atracado no píer Mauá (17/6)
Foto: Futura Press
Na orla de Ipanema, cerca de 30O pessoas protestaram, neste domingo(17),contra a presença do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na cidade para a Rio+20
Foto: EFE
Ahmadinejad na Rio+20: Menina participa de manifestação na orla de Ipanema, Rio (17/06)
Foto: EFE
Instalação em Copacabana: cubo sustentável feito com mil caixas de verdura e 800 lâmpadas LED ilumina orla, no sábado (16)
Foto: Futura Press
Índios observam hare krishna, na Cúpula dos Povos (16/06)
Foto: EFE
Cúpula dos Povos começa nesta sexta-feira (15) no aterro do Flamengo
Foto: EFE
Índio sai de banheiro na Cúpula dos Povos
Foto: EFE
Greenpeace colhe assinaturas para a campanha Desmatamento Zero, no aterro do Flamengo, Rio
Foto: Greenpeace
Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20, pretende mobilizar a sociedade civil
Foto: Futura Press
Mapa de cabeça para baixo foi um dos problemas encontrados por quem buscava informação na Cúpula dos Povos
Foto: Anderson Dezan
Homem protesta se vestindo de de morte no aterro do Flamengo, Rio, local onde acontece a Cúpula dos Povos
Foto: EFE
Veganos fazem protesto pacífico no Rio Centro
Foto: Agência Brasil
Estados Unidos ganham de ongs o "prêmio" Fóssil do Dia, por ser considerado o país que mais atrapalhou as negociações
Foto: Futura Press
Cristo Redentor recebe iluminação especial por causa da Rio+20
Foto: Reuters
Tela d'água colore a Lagoa Rodrigo de Freitas, em festival promovido por uma companhia de bebidas
Foto: Divulgação
Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, conversa com presidenta Dilma Rousseff durante inauguração de Pavilhão Brasil, na terça-feira (13)
Foto: AP
Rio+20 e o futuro que queremos: Menino observa exposição Projeto Futuro, no Forte de Copacabana
Foto: EFE
Mãe caminha com filha em instalação da mostra Projeto Futuro, no Forte de Copacabana. Exposição é um evento paralelo da Rio+20
Foto: EFE
Estudantes visitam exposição de evento paralelo da Rio+20
Foto: EFE
Navio Rainbow Warrior, do Greenpeace chega ao Rio de Janeiro (13/06)
Foto: AFP
Uma beleza: vista do Rio de Janeiro na chegada do Rainbow Warrior, navio da ong ambientalista Greenpeace
Foto: Greenpeace / Rodrigo Paiva
Indíos de várias tribos participam da cerimônia de acendimento do fogo sagrado na aldeia Kari-Oca
Foto: AP
Parque dos Atletas da Rio+20 que recebeu a presidente Dilma
Foto: Anderson Dezan
Nações reunidas: Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, começa hoje no Rio de Janeiro, cheia de incertezas
Foto: EFE
Presidenta inaugura Pavilhão Brasil e afirma que é possível respeitar meio ambiente e crescer com inclusão
Foto: Futura Press
Inauguração do Pavilhão Brasil contou com apresentação de dança (13/06)
Foto: EFE
De jeans e cocar, Antonio Terena, de 22 anos, chega à aldeia Kari-Oca, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro
Foto: AFP
Crianças da tribo Paresi conversam na aldeia montada em Jacarepaguá
Foto: Reuters
Menino da tribo Guarani Kaiowa posa para foto. Índios de todo o mundo estarão na aldeia Kari-oca durante a Rio+20
Foto: AP
Hora do almoço: índios do Mato Grosso fazem fila em refeitório
Foto: AFP
Homem protesta em frente ao Rio Centro, nesta quarta-feira (13), dia da abertura da Rio+20
Foto: AP
Bom humor: Sha Zukang, secretário-geral da Rio +20, em encontro na terça-feira(12) com o prefeito do Rio, Eduardo Paes
Foto: Reuters
Arte na Rio+20: instalação de vídeo "Brasil Cerrado" do artista Siron Franco integra uma das mostras da Conferência
Foto: AP
Exército patrulha av. Atlântica, em Copacabana, no Rio. Chefes de Governo e Estado estarão presentes na cidade para a Rio+20
Foto: EFE
Mulher caminha por exposição "Brasil Cerrado" no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro
Foto: EFE
Espaço humanidades: evento paralelo à Rio+20, realizado no Forte de Copacabana, oferece exposições e palestras
Foto: Futura Press
ABr – Integrantes da sociedade civil criticaram bastante o resultado final da Rio+20. Como o senhor reage?
Figueiredo - Reajo com naturalidade porque faz parte da função da sociedade civil buscar sempre o melhor resultado, buscar sempre estimular os governos a conseguir mais. Daí vêm as críticas, a insatisfação. Encaro isso com naturalidade. Cada um está fazendo o seu papel e o papel da sociedade civil é criticar e buscar o avanço. O nosso papel é tentar avançar.
ABr – O senhor vislumbra dias de maior evolução ou mais tensão no ar?
Figueiredo - A Rio+20 é o marco de toda a nova agenda na ONU [Organização das Nações Unidas]. O secretário-geral [da ONU, Ban Ki-moon] tem dito isso, que é a retomada da agenda de desenvolvimento nas Nações Unidas, agora sob o prisma da sustentabilidade econômica, social e ambiental. Essa integração é algo que dará frutos sim, não só em termos dos trabalhos da ONU e do dia a dia da ONU, mas principalmente dos países.
ABr – O senhor acredita que as metas e os objetivos definidos na Rio+20 levarão à realização de uma sociedade sustentável como se imagina?
Figueiredo – A integração e a sinergia [nos campos econômico, social e ambiental] leva a um resultado sustentável e sustentado ao longo do tempo, que se manterá e que efetivamente vai gerar um progresso harmônico. Esse é um sonho, acho que de todos, de que os países cresçam economicamente, cada vez mais, aperfeiçoando a inclusão social e [buscando] a erradicação da pobreza e que, ao mesmo tempo, protejam o meio ambiente. Essas três orientações irmanadas são o futuro do desenvolvimento.
ABr – A partir de 2013 o senhor assume como o representante do Brasil nas Nações Unidas, é muito diferente o trabalho na ONU?
Figueiredo - O trabalho nas Nações Unidas é muito desafiador e muito rico. Não é muito diferente do exercício multilateral de uma conferência, como a Rio+20, que é uma conferência das Nações Unidas e, portanto, é um trabalho de diplomacia multilateral típico. O trabalho na ONU é desse tipo, mas é muito mais vasto porque a agenda cobre toda uma gama de interesses dos países, vai desde o interesse dos países e dos seres humanos.
ABr – É um mundo sendo discutido ali por representantes de mais de 190 países.
Figueiredo - Na ONU, cada representação busca não só a defesa dos interesses do seu país, mas também avançar como comunidade internacional, um todo, aperfeiçoando práticas e avançando em áreas, como a busca pela paz e a segurança internacional, pelos direitos humanos, pelo desenvolvimento, pela erradicação da pobreza e por toda uma vasta gama de agendas que se complementam e que são a agenda da humanidade.