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Após massacre em escola primária, presidente dos EUA anunciará um processo abrangente visando ao combate da violência armada, mas sem detalhar medidas específicasO presidente dos EUA, Barack Obama, anunciará nesta quarta-feira (19) que seu vice, Joe Biden, vai liderar os esforços para formular políticas visando ao combate da violência armada, em meio a renovados pedidos por ação após o massacre que deixou 27 mortos, incluindo 20 crianças e o atirador, em uma escola primária em Connecticut.
De acordo com a Casa Branca, Obama vai estabelecer o processo pelo qual seu governo avançará no tema, mas não é esperado que ele anuncie medidas específicas. Obama prometeu usar o "poder que seu governo tiver" para garantir a segurança das crianças do país, que ainda se recupera do ataque na Escola Elementar Sandy Hook, em Newtown, realizada por um ex-aluno que se matou.
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A Casa Branca quer dar com urgência uma resposta política ao ataque, apesar de Obama e seus principais assessores estarem mergulhados em encontrar soluções para evitar o abismo fiscal, antes do aumentos de impostos e de cortes de gastos previstos para janeiro. O incidente em Connecticut fez inclusive com que parlamentares favoráveis às armas apoiassem uma mudança na legislação. O temor agora é que esse apoio se disperse quando os traumas do massacre já tiverem sido superados.
Muitos desses congressistas, inclusive, pediram uma maior discussão relacionada ao tratamento de pessoas com problemas psicológicos e ao impacto do entretenimento violento. Obama também tem dado sinais de que prefere medidas mais abrangentes e seus assessores mais próximos têm dito que endurecer a legislação apenas em relação às armas não é a resposta.
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"É um problema complexo que requer mais de uma solução", disse Jay Carney, porta-voz da Casa Branca na terça-feira. "Isso pede não somente por um re-exame das nossas leis sobre armas e sobre como fiscalizá-las, mas sobre como trabalhar juntamente com profissionais da área da saúde mental, educadores, familiares e comunidades e encontrar soluções."
Após o ataque, o foco imediato para tentar solucionar o problema está no controle das armas, um problema que foi esquecido por Washington nos últimos anos. Obama gastou pouco de seu capital político na questão da violência armada durante seu primeiro mandato, apesar de inúmeros ataques em massa.
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Carney disse que Obama apoia o o pleito da senadora democrata Dianne Feinstein pelo reestabelecimento da lei que proíbe as armas de assalto, que expirou em 2004 e não foi renovada no governo George W. Bush (2001-2009).
Pressão
Os fabricantes de armas nos EUA enfrentam pressçoes de alguns investidores do país depois do massacre da semana passada. A firma de private equity Cerberus Capital Management anunciou que vai vender a maior fabricante de armas de fogo dos EUA, e importantes fundos de pensões públicos estão revendo seus investimentos no setor.
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A Cerberus anunciou na terça a intenção de se desfazer do Freedom Group, fabricante do rifle Bushmaster, uma variação do fuzil AR-15, a mesma arma usada pelo atirador de 20 anos na escola em Newtown. A decisão da Cerberus foi motivada por preocupações apresentadas por alguns dos seus investidores, inclusive o Sistema de Aposentadoria dos Professores do Estado da Califórnia, que disse na segunda-feira que iria rever seus investimentos junto à firma.
"Está aparente que a tragédia de Sandy Hook foi um divisor de águas que elevou o debate nacional sobre o controle de armas a um nível sem precedentes", disse a Cerberus, que gere uma carteira de mais de US$ 20 bilhões.
O Fundo de Aposentadoria Comum do Estado de Nova York, que tem US$ 150,1 bilhões sob sua gestão, também decidiu rever seus investimentos em fábricas de armas, disse na terça-feira um porta-voz da Controladoria do Estado de Nova York. Fundos de pensão da prefeitura de Nova York também estão fazendo o mesmo e podem vender quase US$ 18 milhões em ações de quatro empresas que produzem armas e munições, disse um porta-voz na terça-feira.
Veja imagens das cerimônias e vigílias após massacre:
Anjo aceso no interior é visto em memorial improvisado pelas vítimas de massacre em escola nos EUA (18/12)
Foto: Reuters
Frank Kulick posiciona cruzes e estrelas de Davi representando as vítimas do ataque a Escola Sandy Hook (17/12)
Foto: AP
Mãe segura filha ao comparecer a memorial por vítimas de massacre em escola de Newtown, EUA (17/12) (17/12)
Foto: AP
Bichinhos de pelúcia e uma placa pedindo preces por Newtown são vistos em cemitério de cidade palco de massacre em escola (17/12)
Foto: AP
Três jovens se abraçam ao chegar para o enterro de Noah Pozner, 6, umas vítimas de massacre em escola de Newtown, EUA (17/12)
Foto: AFP
Pessoas vão a memorial improvisado por vítimas de massacre em escola de Newtown, EUA (17/12)
Foto: AFP
Homem é visto perto de cartaz com nome de vítimas de massacre em escola de Newtown, EUA (17/12)
Foto: AP
Gotas de chuva são vistas em rosa perto de ursinho de pelúcia em memorial emprovisado por vítimas de massacre em escola de Newtown, EUA (17/12)
Foto: AP
Jovem coloca vela em memorial improvisado por vítimas de massacre em escola de Newtown, EUA (17/12)
Foto: AP
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Uma pequena parcela desse total (US$ 17.866) está investida em ações da fabricante brasileira de revólveres Forjas Taurus, cujas ações tiveram queda de 3,8% na terça. Outras empresas afetadas também registraram desvalorização em suas ações.
Não são só os fundos de pensão que estão questionando seus investimentos na indústria bélica. King Lip, diretor de investimentos da consultoria de gestão de fortunas Baker Avenue Asset Management, de São Francisco, disse ter recebido ligações de clientes querendo confirmar que o escritório não possui nem compra ações de empresas do setor de armas e munições.
"Esse (massacre) aconteceu especialmente perto de casa para muita gente. Muitos dos nossos clientes têm filhos ou netos", disse Lip, cuja firma tem uma carteira de cerca de US$ 800 milhões - e não possui ações ligadas ao setor de armas.